Na minha rua morava um moço poeta
Que falava das coisas belas da vida
Enlouqueceu por conta de uma moça
Que parodiava o leito de sua ferida
A pior coisa que tinha lhe acontecido
Foi ferir–se com um coração inativo
Que vivia à beira do desaparecido
Transbordando do mais sórdido altivo .
Sua vida só se viu franqueada
Quando o “paletó de madeira” vestiu
Sua pálida alma tornou-se corada
Na alvorada onde os anjos dormiam
Em vida, amou como ninguém a amou
Pois sua vida não era tanto discreta
Nesta rua tão breve passou
Nesta rua eu era o único poeta
Jailson Sanvier