quarta-feira, 15 de dezembro de 2010



NA MINHA RUA MORAVA UM POETA

Na minha rua morava um moço poeta
Que falava das coisas belas da vida
Enlouqueceu por conta de uma moça
Que parodiava o leito de sua ferida
A pior coisa que tinha lhe acontecido
Foi ferir–se com um coração inativo
Que vivia à beira do desaparecido
Transbordando do mais sórdido altivo .
Sua vida só se viu franqueada
Quando o “paletó de madeira” vestiu
Sua pálida alma tornou-se corada 
Na alvorada onde os anjos dormiam
Em vida, amou como ninguém a amou
Pois sua vida não era tanto discreta
Nesta rua tão breve passou
Nesta rua eu era o único poeta

                                             Jailson Sanvier

sábado, 4 de dezembro de 2010


AMAR

Amar é viver o amado,
Amar é está lado a lado
Ainda que seja do outro lado,

Amar é dormir sonhar e acordar com você
Ainda que ao despertar não veja você,
Amar é beijar é saborear a saudade do beijo
Que crepita nos desejos na ânsia de a ter,

Amar é está distante e ao mesmo tempo
Sentir um punhado do peito ofegante
Pulsar no contagiante semblante
Que se alegra ainda distante
Quando a felicidade resolve nos ver,

Amar é esperar, é ser paciente,
Amar é viver sem um novo amanhecer,
Amar é amar e eternamente amar
Ao lado de você...
                                       Jailson Sanvier

domingo, 28 de novembro de 2010


ERA NOITE FRIA
                  
Era noite fria
Que eu via o meu corpo num manto enrolar
Sentido tua falta nos versos que lia
Se ao menos eu pudesse contigo está.

                             Abastada de brisa e névoa singela                              
Onde tu’alma apressada nos sonhos eu via
Descendo do monte a minha pobre ruela
Para tê-la comigo esta noite tão fria

Adentrando meu recinto de branco e tão bela
Abrasava o manto que a mim encobria,
Osculando meus lábios no clarão de uma vela
Sussurrando meu ouvido baixinho dizia...

Derramado no leito nossos corpos desnudos
Aquecidos pelo coito que no leito jazia
Findávamos com um cigarro à façanha do mundo
E assim devagarzinho à noite se ia... Era noite fria


                                                 Jailson Sanvier



MEU NAVIO NEGREIRO

M
eu navio negreiro
Vou no teu balangandá
De lá para cá
Corre sempre um olhar,
Meu navio negreiro
Senzala do mar
Sobre o teu chicotear
Vou remando sem parar,                  
Meu navio negreiro
Fronteiro do mar,
Aonde tu me levarás?
Meu navio negreiro
Cargueiro negreiro
Faça a minha terra voltar

                                   Jailson Sanvier
POÇO AZUL

D
ádiva a Riachão
Um boqueirão em pleno florestal
Água cristal, colírio de visão
Um vão, paraíso de Cocal

Beleza que aos visitantes encantam
Pássaros que cantam, espantando o mal
Quintal que a todos imantam...
Um vão, paraíso de Cocal

Aguerrida natureza
Alteza, em sua candura sem mal
Pedestal invertido, revestido de beleza
Um vão, paraíso de Cocal

Poço azul do céu,
Onde corre um véu: aguaçal
Um sinal dos Deuses do céu
Um vão, paraíso de Cocal...

                           Jailson Sanvier

DEITANDO CONTIGO

D
eitar-me-ei contigo
Na travessura da noite à aurora
Deixando para trás o que só era amigo
Pra arrojar nos teus braços agora

Falar-te-ei em versos de amor
Ao som da cantiga que te faz delirar
Beijando o teu corpo com o botão de uma flor
Sorvendo um Gallioto que me faz deslumbrar

Arrancar-te-ei o coração retraído
Para plantar um amor indiscreto
Florando meu pomar subtraído
Conquistando um amor que é certo

Deixar-te-ei à vontade
Em um quarto por mim produzido
Para amarmos por toda a idade
O amor por nós construído

                                   Jailson Sanvier




PARA SEMPRE

Quando ao amanhecer
O sol tu veres nascer
E no entardecer tu veres descansar,
O meu amor viverá.

Quando olhares para o céu
E as estrelas lá estiverem
E em sonhos tu veres desmanchar,
O meu amor viverá.

Mas, ainda que o sol escurecer
As estrelas se apagarem
E nunca mais os puderem ver
Ainda assim, o meu amor se fará.

                                 Jailson Sanvier

sábado, 27 de novembro de 2010



TRISTE ENCONTRO

Uma frieza senti, naquele dia, naquele saguão
Quando a tua asseada beleza me viu
Acompanhada de um brio de varão
Milésima emoção de alegria me subiu 
Para imergir na profunda melancolia
Que no peito ardia aos teus olhos olhar
Gargalhar: sem graça assim me via
Nesta vil hipocrisia, eu, desabrolhar   
Distante, a minha pálida agonia
Cravada em tuas pupilas dilatadas
Às vezes tragada pelas tuas companhias
Que às vezes substituía tuas discretas olhadas
Lágrimas dos meus olhos viste
E dos teus, a saltar
E via o quanto era triste
Meu alvitre se indo, sem me acenar

                                    Jailson Sanvier



SAUDADES

A
h! Que saudades do nosso tempo
Lembro-me ainda como se fosse setembro
As árvores ainda se encontram lá
Sei que hão de te perguntar
Quando às 19hs a Penha te dar
Os das frestas de janela
Digam o que quiserem,
Para mim?
És tu a minha estima
És tu a minha mulher
Serás tu a parte que falta
Serás tu a quem vou dizer sim
Serás tu menina
Amada até o fim

                                             Jailson Sanvier


DEIXEI DE ESCREVER

Deixei de escrever,
Deixei de escrever o sol,
O mar, a lua
Deixei de escrever a nudez
Da escuridão quando me fiz teu,
Deixei de escrever o ar,
E a terra por onde me fez passar
Quando pensava eu
Em teu mar poder desaguar,
Deixei de escrever as tuas amarguras
Que senti ao longo das tuas rejeições
Deixei de escrever a tua figura
Que postei enganado no meu coração
Deixei de escrever, eu deixei...
...Eu não te escrevo mais,
Fizeste-me um dia feliz
Hoje vós não me fazeis mais...
...Eu deixei...

                                Jailson Sanvier

TUDO PODE

Pode o sol, a lua,
As estrelas,
Pode a galáxia se apagar
Tudo pode!
Mas, só não pode
O meu amor por você
Deixar de brilhar

                    Jailson Sanvier